segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

shiuuu.


"Prefiro esquecer, esquecer-te até se preciso for, para viver como tu vivias, apreciando cada momento - sobretudo os dolorosos, pela lucidez que trazem como bónus - desta tão precária maravilha a que chamamos existência. Tantas vezes te aconselhei as virtudes do silêncio. Queria calar-te para te proteger, sim. Há poucas pessoas apetrechadas para a verdade - mesmo nós, quantas vezes não fechámos à chave umas verdadezitas mais cortantes para não nos magoarmos? Creio que me fazes - schiuuu! - assim, com uma vagar de embalo, sempre que a voz da minha consciência ( seja lá isso o que for) sobe o tom para me acusar pelo que não te dei. Creio sem crer, como um condenado. Afinal de contas, não tenho nada a perder. Mesmo que os anjos não existam, as asas com que te vejo, sentada na beira da minha cama, do cume enlouquecendo da minha insónia, ficam-te melhor do que todas as toilettes. Esforço a imaginação, estendo-a até aos teus dedos, mas não consigo mais do que um ligeiro raçagar de asas. São lençóis que agito, bem sei - mas não me concederás a graça de transformar a fímbria do meu lençol na ponta dos teus dedos?"

domingo, 7 de fevereiro de 2010

voz do silêncio.



não sei se é do tempo, se é da distância sufocante em que cada vez me perco mais. és tu, sem sentido ou necessidade, falas-me em silêncio do tempo e da vida. são mais que gestos, são palavras sussurrando-me constantemente ao ouvido, um olhar ao fundo, mais que um querer insatisfeito, um desejo mais do que querer-te para além das horas de todos os tempos vividos ou por viver. como que uma lágrima percorrendo o rosto. traças-me uma vida mal pintada, uma canção sem ritmo, falas-me de um amor sem tempo ou espaço, sem horas, nem medida.